A música começou a tocar e eu nem tinha me dado conta de que
era aquela música – aquela que basta você ouvir e um mar de lembranças tomam
conta da sua cabeça e por mais que você tente essas lembranças vão perturbar o
seu dia até que você simplesmente durma e... – alguém teve a ideia massacrante
de aumentar o volume e à medida que a música iria aumentando a perturbação
interior aumentava na mesma proporção.
Comecei a pensar em você e em como foi bom o seu retorno.
Devo ter ficado com cara de boba no meio do bar porque me peguei pensando na
maneira como tudo parecia mais bonito e ajustado pelo simples fato de estarmos
juntos novamente.
É aquela velha história do que é pra ser seu, sempre volta. Com
base nela te deixei livre, permiti teu voo e senti muito - todos os dias - a
distância. Doía em mim saber dos seus desvios de caminho, era um misto de
sensações horríveis porque em muitos desses momentos passava pela minha cabeça:
Ele não vai voltar. E eu me martirizava
porque parte dessa culpa era minha, eu permiti a ida dele sem nunca ter o feito
ficar, eu simplesmente deixei-o ir... e ele foi.
Eu te assistia de longe, eu observada todos os seus passos,
inclusive os que foram mal dados. Te via sorrindo e pensei o quanto eu gostaria
de ser o motivo dos teus sorrisos... e o tempo foi passando e a saudade
acumulando.
Eu tentei voar, admito. Novos lugares pareciam tão atraentes
que me fizeram, por alguns instantes, parar de te observar porque chegou um
momento que só te observar não era o bastante; eu gostaria de ser observada de
volta. Muitos tentaram, alguns deles chegaram muito perto de conseguir, mas não
adiantava... Era você. Era mil vezes você. E a certeza de que era você se confirmava
todos os dias pelo simples fato de que não existia ninguém além de você na
minha mente conturbada... Conturbação essa que só você consegue ajustar. Então
eu resolvi retornar, já não adiantava tentar tampar o sol com a peneira. Não
adiantava querer colocar qualquer um a qualquer custo no seu lugar, porque chegou
a um ponto que não adiantava confundir carência com amor. Não! Definitivamente
não! Estar ao lado do errado só me fez querer ainda mais o certo.
E eu retornei pro nosso banco, aquele que é sempre o marco
dos nossos inícios ou reinícios. Fiquei quietinha, te esperando, torcendo pra
que você percebesse que amor maior não tem.
(...)
Parece que de alguma forma uma luz se ascendeu. O que antes estava
em preto e branco se coloriu... Ele voltou! O tempo não só se encarregou de
trazê-lo de volta como também o trouxe ainda melhor. O trouxe pronto. Pronto
pra mim, pronto pra nós.