sábado, 16 de abril de 2011

Segundo Fernando Pessoa: "Qualquer indivíduo é ao mesmo tempo indivíduo e humano: difere de todos os outros e parece-se com todos os outros." Partindo desse pensamento chegamos a alteridade que é a concepção que parte do pressuposto básico de que todo o homem social interage e interdepende de outros indivíduos.  Isto significa dizer que a existência do "eu-individual" só é permitida mediante um contato com o outro (que em uma visão expandida se torna o outro a própria sociedade diferente do indivíduo).
Dessa forma, eu apenas existo a partir do outro, da visão do outro, o que me permite também compreender o mundo a partir de um olhar diferenciado, partindo tanto do diferente quanto de mim mesmo, sensibilizado que estou pela experiência do contato. Precisamos do outro para nos constituir como gente, e é esse outro que nos fará crescer a partir da plenitude da sua dignidade, dos seus direitos e, sobretudo, da sua diferença. O que não significa dizer que vamos mudar a nossa essência por completo por causa do outro. Significa dizer que vamos agregar ao que já faz parte de nós, informações, conhecimentos e críticas construtivas que recebemos ao longo da vida para que sejamos pessoas melhores e saibamos conviver bem com as diferenças.
Segundo Frei Beto, quanto menos alteridade existe nas relações pessoais e sociais, mais conflitos ocorrem. Isso significa dizer que se não respeitamos às diferenças, se não as enxergamos como parte fundamental do todo e não as consideramos como complemento importante em um grupo não iremos aproveitar o que o outro tem para oferecer, ao contrário disso, iremos debochá-lo, excluí-lo e até torturá-lo. Para evitar o preconceito e a intolerância e para que haja a disposição na compreensão do outro precisamos, primeiramente, “abrir mão” dos pré-julgamentos e das pré-suposições.
Todas as guerras, sejam elas étnicas, religiosas ou raciais são fruto da intolerância e da falta de alteridade. Nesse mundo moderno e consumista em que impera o valor da identidade e do indivíduo não “sobra” espaço para a alteridade tornando cada vez mais difícil a convivência e a sobrevivência em um mundo cruel. Para vencer os paradigmas da xenofobia é necessário experimentar a alteridade pela via do amor, que não busca exclusivamente os seus interesses, que respeita as diferenças se colocando no lugar do outro e é humilde o suficiente para se doar e dividir o mínimo que se tem. O amor jamais acaba. 

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