Estou no meio de tudo e ao mesmo tempo pertenço aos extremos. Desconheço alguém tão duplo. Mas não pense que essa duplicidade está ligada a dupla personalidade, porque não está. Possuo apenas uma, e a conheço tão bem a ponto de saber realmente quem sou, o que eu quero e o que eu realmente não quero. Mas, e o que eu quero? Surge sempre uma dúvida, uma confusão, uma ânsia de mudança. Sou tão intensa que quando quero alguma coisa, ou quando amo alguém, me entrego completamente. E este é apenas o início, e no início, ah... "No início tudo são flores". Depois de me entregar, de me apaixonar, de me entrelaçar a alguém e de ser feliz, não, não vem o "felizes para sempre". Vem o enjôo, o sufoco, a incerteza... Essa incerteza gera desejos não permitidos. Uma vontade de mudar, recomeçar, conhecer e experimentar o novo. E, eu volto a estaca inicial onde eu quero tudo, mas não quero nada... Voltando ao meio, melhor, aos extremos, tentando conciliar as duas partes de mim que disputam a todo tempo para conquistar seus próprios interesses. Uma parte de mim se entrega, outra se esconde. Uma é atrativa, outra repulsiva. Uma quer o amor, a outra a liberdade. Uma parte quer para se completar o singular, o correto, o seguro... A outra quer um pouco de tudo, um muito de tudo para experimentar e se satisfazer. Uma parte quer mais, a outra não quer mais nada. E assim sigo os dias, sentindo cada passada do relógio como marteladas, uma cobrança infinda, desejos intermináveis, vontades inalcançáveis, dúvidas cruéis... Com uma personalidade tão sagaz e um coração tão ingênuo, que basta encontrar seu porto para ancorar sem a menor preocupação, sem o menor cuidado, sem o menor amor próprio, ele se entrega. E a partir do momento que ele se entrega, todo o ciclo recomeça e a briga entre os extremos continua perturbadora, e assim será, até que finalmente eu consiga deixar os extremos para encontrar o meio entre o 8 e o 800.
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