Eu tenho uma admiração um tanto peculiar em relação as palavras. É uma capacidade artística que algumas pessoas possuem de transcrever com a união de singelas palavras sentimentos tão complexos ou descobertas incríveis. É engraçado quando a gente ler um texto, ou até mesmo uma frase de um desconhecido que descreve e-xa-ta-men-te o que pensamos ou sentimos, não é? É fascinante como eu posso descobrir os detalhes mais ocultos da personalidade de uma pessoa só porque tenho costume de ler o que ela escreve. A arte de escrever é muito mais do que muitos julgam realizar com facilidade, aparentemente, se você for comparar a arte de escrever com a arte de desenhar, obviamente desenhar parece ser mais fácil, mas não se engane... as dificuldades são diferentes, mas na mesma proporção.
Você já parou pra pensar o quanto que a mente humana é complexa e complexada? Agora imagine traduzi-la em uma sequência de palavras lógicas? E é por isso que pra ser escritor, de gaveta ou profissional, é preciso ser de alma. Pra um texto passar realidade e ao mesmo tempo veracidade o autor precisa se entregar em cada esboço. - É isso que eu faço quando escrevo, me jogo, intensamente. Desabo meus males, confusões, desamores, impaciências, problemas, felicitações, alegrias e entusiasmos no que eu escrevo.
É muito mais do que uma dissertação mecanizada, não, não estou falando de nada previamente pensado, eu tô falando do ato. Quem tem o costume de desabafar através da escrita vai me entender quando eu digo que a inspiração vem do nada, pelo menos é assim que acontece comigo. Já pensou que louco você está no meio da rua, na correria do dia-a-dia, e num passe de mágica te vem na cabeça a idéia de escrever a paixão que você tem por escrever. Parece coisa de doido, mas que seja, de perto ninguém é normal.
Escrever é o meu refugio. É aqui que eu me escondo, mas é aqui onde eu mais me mostro. Ao escrever eu me desfaço de todas as minhas armaduras e medos, eu sou do tipo que escreve "nua e crua" e falo tu-do o que penso e sinto. Isso poderia ser ameaçador, não? Eu poderia temer que todos os que me lêem me conhecem são bem, porque realmente, quem me lê, fica sensível a mim. É como olhar minh'alma e gostar do que vê. É gratificante quando alguém elogia o que eu escrevo, porque automaticamente, está me elogiando também. É como se, de forma indireta, estivessem me dizendo "bonito o que você sente", "bonito o que você sente por dentro", "bonita essa sua maneira de olhar e sentir o mundo"... é bonito, bonito quando alguém percebe a beleza oculta que o seu interior carrega tão silenciosamente. E medo? Medo de que? Não, eu não tenho medo de escrever de forma tão intensa.
Sou intensa mesmo, e de nada adianta fazer as coisas pela metade, eu sou inteira, eu sou real, me entrego a tudo aquilo que me proponho a fazer e sentir. Se esse for um mal? Dane-se!
A melhor parte de ser escritor é que você se camufla e se desmistifica a cada texto que escreve. É como se você se recriasse a todo tempo. O meu "eu" de ontem, não é o meu "eu" de hoje e é por isso que eu preciso me refazer antes de começar a desabar o meu interior em palavras. É por isso que a arte de escrever é tão fascinante, ela te possibilita conhecer mundos que você jamais conheceria se não fosse sensível a ponto de enxergar além do que os seus olhos podem ver. Conhecer alguém através do que ela escreve é como acreditar no que não se ver. É uma espécie de paixão no escuro. Porque você se apaixona pelo o que ler, você se identifica com o que ler, e você fica se perguntando como pode, como isso é possível... você fica vidrado.
E é essa a parte mais bonita da escrita, te mostrar mundos desconhecidos, fascinantes e acolhedores. O mundo que eu apresento nas entre-linhas do meus textos é o resultado de todo um processo de entrega e doação. Eu fico fascinada quando escrevo, anestesiada pra vida, com forças revigoradas e ombros mais fortes. A sensação é que quando eu escrevo eu conheço a minha própria força, é um aprendizado incomum da minha própria personalidade.
A única falha da escrita é que ela é uma arte subjetiva demais. Eu transcrevo aquilo que percebo, que sinto, que anseio e até aquilo que rejeito. Mas... até que ponto quem me lê vai realmente me entender? Digo, será possível mesmo que pessoas tão diferentes ao ler um mesmo texto consigam interpretá-lo da mesma maneira? As vezes isso é o que me assusta um pouco, o assustamento não dura por muito tempo, mas há um certo receio. Tenho medo de que, ao me interpretar os meus leitores não consigam entender a real mensagem que eu tentei passar e que com isso eu acabe perdendo a admiração ou o respeito de algumas pessoas. Mas é um risco que eu escolhi correr, e que eu gosto de correr, porque no final sempre vale a pena. Porque escrever faz parte... parte de mim.
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