terça-feira, 18 de setembro de 2012

Dessa vez eu não vou falar em terceira pessoa, tão pouco sobre pseudo-ficções amorosas. Hoje eu vim compartilhar uma conquista que pra alguns pode até não ser nada, mas que pra mim significa muito. Quem me conhece sabe o quanto eu sempre fui apaixonada pela fotografia e o quanto eu me sinto bem escrevendo. São dois caminhos que na minha vida se completam, porque o que eu não consigo expressar com fotos, eu expresso em textos. A minha admiração por fotos que se limitava por uma foto aqui e outra acolá veio à tona quando eu resolvi divulgar essa paixão através da fanpage no Facebook “Ponto de Vista”, e o que inicialmente me parecia apenas uma simples página para compartilhar uns cliques avulsos, acabou se tornando um ambiente conhecido e profissional. Ver minha página ultrapassando os 300 likes já era mais do que eu esperava que acontecesse. Quando eu achei que nada melhor do que isso poderia acontecer na minha vida profissional, recebi a notícia de que um jornal tinha se interessado em publicar um texto meu que seria assinado com meu nome e foto. Só quem escreve sabe o quanto é ótimo esse reconhecimento, e a minha alegria ao receber essa notícia foi indescritível. Passaram alguns dias e o jornal com o meu texto estava impresso, em minhas mãos, e só eu sei o tamanho da emoção que marcou aquele momento.
Acredito muito no pensamento de que felicidade dobrada é felicidade compartilhada e é por isso que eu resolvi escrever pra muito mais do que compartilhar a alegria, mas para agradecer as pessoas que diretamente ou indiretamente me apoiaram e continuam me apoiando. Aqueles que me elogiaram e  me criticaram de forma construtiva, me incentivaram e apostaram no meu sonho mesmo quando ele parecia tão distante e inalcançável. Dedico também a vocês esse início de carreira, esse início de sucesso, esse início de realizações. É apenas o começo, a estrada por vir é longa e dia-a-dia obstáculos vão ser quebrados, mas ter o apoio de vocês nessa caminhada é fundamental pra mim!
Obrigada a Deus, aos meus pais, aos meus amigos e a todos que caminham lado a lado comigo nessa jornada.
O sucesso é nosso!
 
 
 

 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Fora do Padrão.

 Eu sei que eu não sou fofa, tão pouco menininha romântica e sonhadora como a maioria por aí. Meu humor é ácido e tô longe de ser dócil. Tem muito tempo que eu parei de acreditar em príncipes encantados, na verdade eu acho que nunca me interessei realmente por eles, os vilões sempre eram mais interessantes. Não gosto de rosa e não tô sempre impecável. Falo palavrão e sento de perna aberta. Troco todos os saltos por um tênis e abro mão de sair de vestidinho pra sair de jeans e camiseta. Sou desastrada e impulsiva. Falo sem pensar e dou risada quando não pode. Sou intensa e dramática. Me entrego de corpo e alma e quando me machuco faço um drama mexicano. Sou inconstante e por isso não estranhe caso me veja chorando 10 minutos depois de ter me visto dando gargalhadas. Quando tô de TPM fico ainda mais 8 ou 80, ou tô sensível ou tô de mal humor. Nada contra os inocentes, mas com os culpados eu me divirto mais. Detesto gente boazinha demais, na verdade, tudo o que é demais já me deixa com o pé atrás. Sou cismada e vejo maldade em tudo e todos. Depois que cresci o verbo “comer” e “dar” nunca mais foi o mesmo. Sou apaixonada por vinho e viciada em massas. Não faço dietas e tenho preguiça de ir pra academia. Tenho mania de mudar o cabelo sempre que mudo de fase e por falar em fases, sou cheia delas, como a lua. Sou ciumenta e possessiva, então não ouse se aproximar do que é meu. Não sou organizada, mas não gosto que baguncem as minhas coisas. Faço careta na frente do espelho e só ouço música no volume alto. Sou orgulhosa e quase nunca dou o braço a torcer. Adoro cinema, mas a minha grande paixão é a fotografia. Sou misteriosa - uma caixinha de surpresas - e por isso você sempre vai ter a sensação de não me conhecer completamente. Gosto de atitude porque tenho atitude. Sou recíproca, então não espere que eu trate bem quem me trata mal. Inteligência me seduz e estilo me conquista mais do que beleza. Acho tatuagens sexys e barrigas bonitas me atraem.  Sou oblíqua e vivo com olhos de ressaca. Sou extremista e por isso o meio termo não me agrada, não me conquista e não interessa. Não forço simpatia com ninguém. Sou sarcástica e irônica. Sou educada e por isso vou te tratar bem, o que não quer dizer que eu esteja interessada em você. Sou tímida nos primeiros 5 minutos e depois fico chata de tão espaçosa. Fujo dos padrões e gosto de quebrar regras. Gosto de ultrapassar limites e viver perigosamente. Adoro adrenalina porque ela aguça a minha libido. Sou racional e pé no chão, mas adoro sentir a emoção me puxando pelos cabelos. Sou um homem, não no sentido literal, mas penso como um. Em compensação, sinto como uma mulher, o que me torna sensível e talvez esse seja um dos meus piores defeitos.
 
 

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Depois de me afastar de você e tocar o foda-se em tudo pra viver o que me desse na telha eu finalmente acordei. Acordei e me toquei de que ir pra balada de quinta a domingo não iria resolver nem 50% dos meus problemas. Percebi que beijar 10 bocas diferentes numa mesma noite ou passar uma semana com uma pessoa e na outra semana malmente lembrar o nome dela não iria sanar as minhas necessidades. Finalmente eu me dei conta de que me entregar à vários braços não iria me dar o abraço que eu queria receber. Foi aí que eu parei de me enganar (e te enganar). Confessei de uma vez por todas que era você que eu queria. Era no teu copo que eu queria beber. Era na tua boca que eu queria perder os lábios. Era no teu ombro que eu queria recostar a cabeça assistindo filme num dia frio. Era no teu sorriso que eu encontrava felicidade plena. Era na tua cama que eu queria dormir e acordar com meu corpo colado ao teu. Era no teu cabelo que eu queria entrelaçar meus dedos. Era nas tuas costas que eu queria cravar as unhas. Era o teu calor que eu queria pra me esquentar. Era com você que eu queria falar incansavelmente. Era com você que eu queria compartilhar das coisas mais bobas as mais sérias. Era você que eu queria deixar com ciúme só pra ver a carinha linda que você faz. Era com você que eu queria frequentar as noites badaladas da sexta, os barzinhos do sábado e os fins de tarde vendo pôr-do-sol e tomando sorvete do domingo. Era com você que eu queria dividir as minhas fraquezas e somar as minhas alegrias. Era pra você que eu queria me entregar, de corpoealmaecoração. Era com você que eu queria planejar o futuro. E, finalmente, eu confessei que era você que eu queria como abrigo, um porto pra ancorar.

quarta-feira, 13 de junho de 2012


A música começou a tocar e eu nem tinha me dado conta de que era aquela música – aquela que basta você ouvir e um mar de lembranças tomam conta da sua cabeça e por mais que você tente essas lembranças vão perturbar o seu dia até que você simplesmente durma e... – alguém teve a ideia massacrante de aumentar o volume e à medida que a música iria aumentando a perturbação interior aumentava na mesma proporção.

Comecei a pensar em você e em como foi bom o seu retorno. Devo ter ficado com cara de boba no meio do bar porque me peguei pensando na maneira como tudo parecia mais bonito e ajustado pelo simples fato de estarmos juntos novamente.

É aquela velha história do que é pra ser seu, sempre volta. Com base nela te deixei livre, permiti teu voo e senti muito - todos os dias - a distância. Doía em mim saber dos seus desvios de caminho, era um misto de sensações horríveis porque em muitos desses momentos passava pela minha cabeça: Ele não vai voltar.  E eu me martirizava porque parte dessa culpa era minha, eu permiti a ida dele sem nunca ter o feito ficar, eu simplesmente deixei-o ir... e ele foi.

Eu te assistia de longe, eu observada todos os seus passos, inclusive os que foram mal dados. Te via sorrindo e pensei o quanto eu gostaria de ser o motivo dos teus sorrisos... e o tempo foi passando e a saudade acumulando.

Eu tentei voar, admito. Novos lugares pareciam tão atraentes que me fizeram, por alguns instantes, parar de te observar porque chegou um momento que só te observar não era o bastante; eu gostaria de ser observada de volta. Muitos tentaram, alguns deles chegaram muito perto de conseguir, mas não adiantava... Era você. Era mil vezes você. E a certeza de que era você se confirmava todos os dias pelo simples fato de que não existia ninguém além de você na minha mente conturbada... Conturbação essa que só você consegue ajustar. Então eu resolvi retornar, já não adiantava tentar tampar o sol com a peneira. Não adiantava querer colocar qualquer um a qualquer custo no seu lugar, porque chegou a um ponto que não adiantava confundir carência com amor. Não! Definitivamente não! Estar ao lado do errado só me fez querer ainda mais o certo.

E eu retornei pro nosso banco, aquele que é sempre o marco dos nossos inícios ou reinícios. Fiquei quietinha, te esperando, torcendo pra que você percebesse que amor maior não tem.

(...)

Parece que de alguma forma uma luz se ascendeu. O que antes estava em preto e branco se coloriu... Ele voltou! O tempo não só se encarregou de trazê-lo de volta como também o trouxe ainda melhor. O trouxe pronto. Pronto pra mim, pronto pra nós.


terça-feira, 8 de maio de 2012

Corpo feminino: Uma arma publicitária?


O corpo feminino (que perpassa por uma série de exigências estéticas para se aproximar ao máximo do que é considerado ideal para determinado público) tem sido um dos produtos mais oferecidos pela publicidade, e com grande sucesso. De forma abusiva as propagandas em comerciais de TV se beneficiam da imagem feminina para atrair o público masculino que em determinados produtos é o alvo lucrativo. Esse mecanismo é utilizado desde os primórdios da publicidade - porque é fato que as pessoas são influenciadas por ela - e evidenciado na década de 2000 onde o apelo sexual é uma ferramenta altamente utilizada em propagandas, principalmente de cervejas e de automóveis.

Mulheres seminuas associadas a marcas diversas estampam os comerciais em horários distintos da programação televisiva brasileira. Além das participações de mulheres consideradas lindas sob um padrão estético de beleza, o público alvo entre esses comerciais são pontos que se assemelham. Essa “carta na manga” da publicidade é disseminada pelo mundo inteiro, e, o Brasil sofreu grande influência do uso sexual nas propagandas dos Estados Unidos que são usados ​​com frequência e com clareza cada vez maior.

É fato que a propaganda é a alma do negócio. Também é fato que a publicidade é o meio para alcançar o fim tão desejado pelas empresas: obter lucro! Uma determinada empresa lança um produto novo no mercado e até então ele é desconhecido para os consumidores de plantão, é aí que a publicidade entra em campo: é ela a responsável em tornar o produto em questão útil e desejável por todos, é ela quem vai fazer com que o consumidor tenha a necessidade de adquiri-lo e tudo isso de forma, nem sempre, sutil.

É nesse jogo de “vale tudo” da publicidade que o corpo feminino é associado a marcas variadas para atrair olhares dos futuros consumidores. Seria inocência pensar que, é apenas uma mulher bonita estrelando um comercial na TV porque não é bem assim, existe todo um porque por trás da jogada de marketing. Analisemos a questão usando como exemplo um comercial de uma cerveja qualquer: Cerveja é cerveja, independente da sua marca ela sempre vai ser a bebida social do domingo à tarde, até aí não há nenhuma novidade. Mas, o que vai tornar mais atrativo no comercial é a mulher de shortinho e top que, provavelmente, estará ao lado de um cantor famoso. É esse o “boom” dos comerciais.

Essa descoberta altamente lucrativa deu tão certo que atualmente é muito difícil não haver em um comercial a figura feminina atrelada a ele. A merchandising em volta do corpo feminino como apelo sexual para o gênero oposto é fortíssima e cada vez mais utilizada, afinal, na era da aparência resta alguma dúvida de que a exibição do corpo feminino é uma jogada com gol garantido?

OBS.: Texto da faculdade para a matéria de Práticas Investigativas Interdiciplinares I.
Ela era diferente, não costumava desabafar com as amigas e nem bebia pra esquecer os problemas.  Ela desabafava escrevendo. Seus porres eram literários. Ela tinha uma coleção de livros e eram com eles as suas viagens mais gostosas. Ela lia e se identificava com tudo o que havia nas linhas e nas entre-linhas. Certa vez uma frase chamou mais atenção do que as outras porque talvez nela estivesse a solução dos seus problemas pseudo-amorosos: “O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você.”.
Sábio Mario Quintana, ela pensou. Aquela frase marcou a ponto de perturbar sua mente durante uns três ou quatro dias e ela decidiu parar de correr atrás da sua borboleta – não que a borboleta fosse de fato dela, mas, mulheres são donas de paixões possessivas -. Ela cuidou do seu jardim durante meses para que sua borboleta voltasse e ela não voltou.
Não voltou...
... Aquela borboleta gostava de voar.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Ela não é o tipo de garota que dura uma noite só, não, ela não tem prazo de validade. Se você é do tipo que não gosta de se apegar e gosta de aventuras noturnas não ouse se aproximar dela ou vai acabar mudando as suas regras. Não pense você que ela é do tipo que força a barra ou que passa horas calculando o que fazer pra te conquistar, porque ora, ela não tem porque perder tempo pensando no que ela consegue fazer em minutos. Ela é mais do que esse tipinho previsível de mulher carente que não aguenta ver um marmanjo sendo gentil que se entrega, ela é mais, ela seduz com tamanha naturalidade que você se vê completamente entregue, de forma passiva, para aquele olhar misterioso e para aquela boca instigante. Ela joga o cabelo pro lado e você se sente bobo, pior, ela joga o cabelo pro lado e sorri de canto... você se sente idiota.
- Diga-se de passagem... não estamos falando do último romântico. Estamos falando do cara independente, bem resolvido e que sai todo final de semana para curtir a vida maravilhosa que conquistara no auge dos seus 25 anos. Ela? Ela é aparentemente uma garota normal, de longe no máximo bonita e admirável, de perto? Irresistivelmente linda! Numa distância segura ela não oferece muito perigo, ela vai roubar dois ou três olhares quando passar ao seu lado porque é impossível não seguir o rastro daquele perfume tão perturbador e vai continuar seguindo o seu caminho, porque ela é assim, não abandona o caminho dela por nada, nem por ninguém. –
Na cabeça de um homem bonito e bem resolvido não passa a possibilidade de que algum dia alguma mulher não vá nota-lo, e quando isso acontece, meu caro... problemas a vista.  E não é qualquer problema, é um problemÃO!
Veja a sequência previsível dos fatos acontecerem: Ele vai nota-la, ela vai ignora-lo e vai doer no ego dele. Consequência? Ele vai pensar “não é possível, o que há de errado nela?” como se a única alternativa era ela olhar pra ele e pensar “eu quero” como todas as outras mulheres que passara na sua vida recheada de sextas e sábados badalados, mas dessa vez foi ao contrário, ele foi quem olhou pra ela, ele quem ao botar os olhos naquela mulher singular pensou: “eu quero”.
No início não vai passar de um jogo de sedução dele pra satisfazer seu próprio ego. Pra conseguir se aproximar e chamar a atenção daquela garota ele resolveu apelar para tudo o que aprendeu depois de tantas vivências amorosas de um dia. Não deu em nada. Como foi dito, ela era diferente. Fugia de todas as previsões e quando você achava que a tinha decifrado, haha, ela vinha e mostrava que definitivamente você não sabe quem ela é.
A cidade em que eles moravam é até grande, mas quando paramos pra observar os ciclos de amizade, as chances de todo mundo acabar conhecendo todo mundo são enormes. E foi assim que ele chegou até ela. Descobriu nome, idade, endereço, faculdade, melhores amigos e os lugares que ela frequenta. Na primeira tentativa não deu muito certo, o máximo que ele conseguiu dela foi um “oi” indiferente. Na segunda tentativa ele teve sorte, ou o universo resolveu conspirar a favor - ele descobriu pra onde ela iria na sexta-feira e lá estava ele, quase que desiludido, tentando atrair a atenção da garota que perturbara a sua mente nas últimas semanas. Era aniversário da melhor amiga dela, e antes mesmo de chegar na boate ela já estava alta, ou seja, era a chance de ouro dele e ele não poderia deixa-la escapar. Dessa vez ele chegou, não foi falar com ela e foi falar com a melhor amiga dela que ele tinha conhecido em uma outra festa qualquer. Quando ela se deu conta de que ele não tinha chegado nela nem que fosse pra tentar dizer um “oi” ela se deu conta de que, talvez, ele teria desistido. Foi aí que ela começou a jogar o jogo dele, o que não faz o tipo dela, mas, qual é a mulher que gosta de ser deixada de lado e aceita isso numa boa? Dessa vez quem iniciou um diálogo foi ela, nas regras do jogo dele quando isso acontecesse a reação dele teria que ser como eram as dela: indiferente. No entanto não foi assim, quando aquele par de olhos lindos se encontraram com os olhos do cara que toda mãe sonha em ter como genro a sensação é de que o universo tinha parado, como se aquele encontro tivesse sido marcado sabe-se lá quando, mas que finalmente tinha acontecido. Ela malmente conseguiu dizer “oi” e ele malmente conseguiu conter o sorriso ao responder – isso depois da troca de olhar fulminante que tornou o encontro excitante -. Agora já era. Já era pra ele, já era pra ela, e já era pra todos os outros caras que desejavam estar no lugar dele naquele momento. Tudo o que aconteceu naquela noite foi incrível o suficiente pra fazê-la dizer no final da noite “me procura amanhã, depois, ou qualquer dia desses; mas me procura.”, ele normalmente não iria levar isso a sério, mas, pra sua própria surpresa, ele adorou ouvir aquilo. Os dois foram dormir pensando naquela troca de olhar fulminante. O feitiço virou contra o feiticeiro e ninguém mais lembrava do jogo fútil de sedução dos dias anteriores, o gosto que adoçava a boca dos jogadores era alucinador, era o gosto do beijo de quem encontrou a pessoa certa pra ancorar e parar pra olhar a pessoa que, sinceramente, você olha e diz “eu quero”. Ela pegou no sono. Ele? Pela primeira vez nos seus 25 anos de vida uma garota tinha tirado seu sono. E ele não dormiu. As horas não passavam, se arrastavam. Ele vivia um estado de satisfação que nunca pensou sentir na vida. Ela sonhava e sorria, sorria com aquele sorriso de canto malicioso e doce ao mesmo tempo que só ela tinha. Ele queria ligar pra ela, mas não sabia se deveria. E ficou nessa dúvida do “ligo ou não ligo?”, e resolveu mandar uma sms: Eu quero.
Ela acordou, viu que tinha uma sms dele no celular e sorriu. Era tudo o que ela precisava pra começar o dia bem, mesmo com aquela ressaca insuportável. A mensagem poderia ser um simples “Boa noite” e ela iria sorrir do mesmo jeito porque era dele. Ela leu uma vez ainda dormindo, leu a segunda e sorriu, leu a terceira e se perguntou “o que ele quis dizer?” , e ela perguntou justamente isso a ele. A resposta foi ainda mais encantadora: Eu quero foi a primeira coisa que eu pensei quando me aproximei de você. O “eu quero” de ontem é dizendo que, mesmo depois de ter o que eu quis, eu continuo querendo.
E a história se repete, eu disse, ninguém que se aproxima dela consegue resistir por muito tempo. Ela tem um quê a mais que a diferencia do resto. É uma mistura tão bem feita que ao conviver com ela você tem a sensação de que nada mais te falta porque ela consegue ser tudo na medida certa, na hora certa. E ele passava horas pensando nela, e se perguntava o que tinha de tão especial naquele olhar que fazia com que toda a sua energia vibrasse perto dela e o que tinham aqueles lábios que enfeitiçavam qualquer mero mortal. E se questionava sobre o cheiro que, era tão dela que o fazia querer extrair aquela essência e guardar só pra ele, porque era isso o que ele queria, ela só pra ele.
Foi assim que tudo começou. É tão óbvio que eles estavam apaixonados que nem precisava ser dito. E é essa a parte mais gostosa do amor, ele chega sem avisar, sem pedir licença e toma conta de você completamente. Hoje ele tem 27 anos e não sente saudades da sua vida noturna badalada. Ela tá grávida de gêmeos. Eles são felizes, é, deu certo. Deu certo porque nem tudo que começa errado tende a terminar errado. As vezes dos maiores erros é que surgem os melhores acertos. E eles acertaram, e como não acertar? Aquela troca de olhar foi praticamente uma assinatura alegando que é verdade, sim, amor a primeira vista ainda existe em pleno século XXI.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Ela era o tipo de garota que, numa novela, protagonizaria a mocinha; aquela que se entrega, que se machuca, que ajuda a todo mundo e nunca se ajuda. O pior tipo de mocinha, aquela que confia na menina mais falsa e que ama o cara mais galinha. Ela se apaixonava e se jogava de cabeça numa relação, in-ten-sa-men-te.  Nunca se protegia, ia sem capa e armadura... voltava sempre despedaçada. De tanto fazer o papel de mocinha, de pobre coitada, de chorar pelos cantos e de esperar demais das pessoas ela CAN-SOU. Ela levantou dos cantos, limpou o rosto e retocou a maquiagem. Trocou de papel com a bandida. O coração que antes era do tipo maria-mole se endureceu, se protegeu e se envolveu por uma camada de espinhos que só os realmente corajosos arriscam se aproximar. Ela parou de ficar em casa enquanto “ele” curtia, ela parou de fazer planos pro futuro com “ele”, ela parou de agir como uma menina boa e resolveu ser uma menina má, porque no final da noite, são das garotas que não prestam que eles lembram. Não são as garotas doces e românticas que fazem qualquer um perder o sono e desejar que o celular toque e que seja ela. Na real, eles gostam das mulheres independentes, das que não precisam de ninguém, das que são difíceis não por charme mas por realmente serem difíceis de serem conquistadas. Quando os amigos perguntam sobre uma mulher que é inesquecível pra “ele”, “ele”, involuntariamente, vai lembrar da mulher que pisou e o machucou por não ser a garota boazinha do final de tarde de domingo que assiste filme de romance antigo na casa dos avós. Ele vai lembrar da mulher que disse “não” quando ele pediu um beijo, da mulher que não ligou no dia seguinte, nem mandou sms, nem adicionou em nenhuma rede social. Ele vai lembrar da mulher que no dia seguinte em que se conheceram a viu com outro na rua, dando os mesmos sorrisos que na noite anterior ela dera pra ele. Ele vai lembrar da mulher de salto alto, vestido colado e cabelos ao vento que na pista de dança – mesmo no meio de uma multidão – se destaca e provoca olhares maliciosos e bocas famintas. É dessa mulher que ele vai lembrar e vai ligar, num sábado a noite - que depois de muito tempo curtindo - passou em casa desejando que ela estivesse lá com ele... e onde ela está? Curtindo a noite mais badalada da cidade que não dorme.

Ele não vai pensar duas vezes e vai discar o número dela.

Ela vai ver a ligação e vai atender só porque não sabe quem é, e mulheres são intensamente curiosas.

Ele: Ei...

Ela: Quem é?

Ele: Sou eu, da semana passada...

Ela: Desculpa, mas não sei quem é você.

(Ele vai perceber que, pra ela, ele não significou nada e que era em vão tentar se identificar, ela realmente não iria lembrar-se dele porque ele era qualquer um, mais um.)

[...]

Ele desligou, de longe era possível notar o nó na sua garganta.

Pela primeira vez ele sentiu na pele a sensação pesada de ser rejeitado, de ser substituível e insignificante. Finalmente ele entendeu que passou a vida fazendo isso com todas as garotas que, assim como ele, passaram o sábado a noite pensando nele e resolveram ligar.

Ele se sentiu péssimo e foi dormir.

Ela desligou o celular porque não queria ser incomodada e foi curtir. A noite foi ótima.

Vez ou outra ela se sentia sozinha, vazia por não ter um companheiro pra passar o final da tarde de domingo vendo um filme de romance antigo e chorando no ombro do amado, mas esses momentos passavam. Bastava ela se lembrar do último idiota que a fez chorar e ficar presa em casa choramingando pelos cantos por ter um coração tão mole pra sensação de solidão se esvair.
A vida de bandida era mais interessante, mais movimentada e menos sofrida. O único líquido que rolava pelo seu rosto era a tequila que algumas vezes escorria pelo canto da boca, afinal, depois de umas doses ninguém mais consegue beber com classe. Era bem melhor encher a cara, curtir a noite e no outro dia acordar com ressaca – ressaca passa com água e horas de sono, um coração partido leva anos pra se recuperar (e nem sempre se recupera).

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

"E seguiu em frente. As lembranças estavam todas reunidas na mala, e eram muitas. A saudade maltratava e foi difícil. A tão esperada vida nova assustava o coração idoso daquela menina-mulher. Ela nunca aprendeu a dizer adeus, e não seria agora que iria aprender, por isso não disse. Despedidas não eram o seu ponto forte, e que bom que não. Por isso, ela trocou o ar pesado do “adeus” por um leve “até breve”. A vida nova estava diante dos seus olhos e dava medo… mas era necessário. E continuou seguindo em frente. De cabeça erguida, lábios vermelhos e cabelos negros ao vento. Era forte, mas é humana - e daquelas masoquistas -revirava as lembranças cutucando a saudade que a fazia pensar em um suposto retorno, mas não, a certeza de que coisas boas acabam para que melhores coisas aconteçam era maior do que a saudade que a torturava… E seguiu em frente."

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O tempo tem passado mais rápido; Tudo tem conspirado ao meu favor. Não digo que já te esqueci completamente porque ainda não consegui tamanho feito, mas posso dizer que já me esqueci de como você sorria ou a maneira como o seu olho brilhava. Os seus gostos, as suas manias e os seus jeitos foram ficando turvos na minha mente e quando, por alguma ironia do destino, lembro de você, eu apenas lembro e não sinto mais a sua falta, o que é bom. Continuar lembrando de você com toda aquela ternura e saudade teria sido fatal.

Escrever, faz parte. Interpretar, uma arte.

     Eu tenho uma admiração um tanto peculiar em relação as palavras. É uma capacidade artística que algumas pessoas possuem de transcrever com a união de singelas palavras sentimentos tão complexos ou descobertas incríveis. É engraçado quando a gente ler um texto, ou até mesmo uma frase de um desconhecido que descreve e-xa-ta-men-te o que pensamos ou sentimos, não é? É fascinante como eu posso descobrir os detalhes mais ocultos da personalidade de uma pessoa só porque tenho costume de ler o que ela escreve. A arte de escrever é muito mais do que muitos julgam realizar com facilidade, aparentemente, se você for comparar a arte de escrever com a arte de desenhar, obviamente desenhar parece ser mais fácil, mas não se engane... as dificuldades são diferentes, mas na mesma proporção. 
     Você já parou pra pensar o quanto que a mente humana é complexa e complexada? Agora imagine traduzi-la em uma sequência de palavras lógicas? E é por isso que pra ser escritor, de gaveta ou profissional, é preciso ser de alma. Pra um texto passar realidade e ao mesmo tempo veracidade o autor precisa se entregar em cada esboço. - É isso que eu faço quando escrevo, me jogo, intensamente. Desabo meus males, confusões, desamores, impaciências, problemas, felicitações, alegrias e entusiasmos no que eu escrevo. 
É muito mais do que uma dissertação mecanizada, não, não estou falando de nada previamente pensado, eu tô falando do ato. Quem tem o costume de desabafar através da escrita vai me entender quando eu digo que a inspiração vem do nada, pelo menos é assim que acontece comigo. Já pensou que louco você está no meio da rua, na correria do dia-a-dia, e num passe de mágica te vem na cabeça a idéia de escrever a paixão que você tem por escrever. Parece coisa de doido, mas que seja, de perto ninguém é normal.
        Escrever é o meu refugio. É aqui que eu me escondo, mas é aqui onde eu mais me mostro. Ao escrever eu me desfaço de todas as minhas armaduras e medos, eu sou do tipo que escreve "nua e crua" e falo tu-do o que penso e sinto. Isso poderia ser ameaçador, não? Eu poderia temer que todos os que me lêem me conhecem são bem, porque realmente, quem me lê, fica sensível a mim. É como olhar minh'alma e gostar do que vê. É gratificante quando alguém elogia o que eu escrevo, porque automaticamente, está me elogiando também. É como se, de forma indireta, estivessem me dizendo "bonito o que você sente", "bonito o que você sente por dentro", "bonita essa sua maneira de olhar e sentir o mundo"... é bonito, bonito quando alguém percebe a beleza oculta que o seu interior carrega tão silenciosamente. E medo? Medo de que? Não, eu não tenho medo de escrever de forma tão intensa. 
          Sou intensa mesmo, e de nada adianta fazer as coisas pela metade, eu sou inteira, eu sou real, me entrego a tudo aquilo que me proponho a fazer e sentir. Se esse for um mal? Dane-se! 
       A melhor parte de ser escritor é que você se camufla e se desmistifica a cada texto que escreve. É como se você se recriasse a todo tempo. O meu "eu" de ontem, não é o meu "eu" de hoje e é por isso que eu preciso me refazer antes de começar a desabar o meu interior em palavras. É por isso que a arte de escrever é tão fascinante, ela te possibilita conhecer mundos que você jamais conheceria se não fosse sensível a ponto de enxergar além do que os seus olhos podem ver. Conhecer alguém através do que ela escreve é como acreditar no que não se ver. É uma espécie de paixão no escuro. Porque você se apaixona pelo o que ler, você se identifica com o que ler, e você fica se perguntando como pode, como isso é possível... você fica vidrado. 
       E é essa a parte mais bonita da escrita, te mostrar mundos desconhecidos, fascinantes e acolhedores. O mundo que eu apresento nas entre-linhas do meus textos é o resultado de todo um processo de entrega e doação. Eu fico fascinada quando escrevo, anestesiada pra vida, com forças revigoradas e ombros mais fortes. A sensação é que quando eu escrevo eu conheço a minha própria força, é um aprendizado incomum da minha própria personalidade. 
     A única falha da escrita é que ela é uma arte subjetiva demais. Eu transcrevo aquilo que percebo, que sinto, que anseio e até aquilo que rejeito. Mas... até que ponto quem me lê vai realmente me entender? Digo, será possível mesmo que pessoas tão diferentes ao ler um mesmo texto consigam interpretá-lo da mesma maneira? As vezes isso é o que me assusta um pouco, o assustamento não dura por muito tempo, mas há um certo receio. Tenho medo de que, ao me interpretar os meus leitores não consigam entender a real mensagem que eu tentei passar e que com isso eu acabe perdendo a admiração ou o respeito de algumas pessoas. Mas é um risco que eu escolhi correr, e que eu gosto de correr, porque no final sempre vale a pena. Porque escrever faz parte... parte de mim.
      Acho que no fundo eu sou medrosa, é, porque sempre que o circo aperta eu fujo pro mais longe possível. É um mecanismo de defesa que comigo sempre funciona; sair de perto de onde insiste em pegar fogo. Durante muito tempo eu agi impulsivamente e sempre pagava pra ver até onde 'aquilo' poderia ir, por diversas vezes quebrei a cara por isso. Pagar pra ver é a mesma coisa que receber um tapa e virar o outro lado do rosto pra apanhar duas vezes, e ninguém merece isso. Como se não bastasse esses "amigos" que me apunhalavam pelas costas eu ainda ofereceria a cara a tapa a uma sociedade que não poupa esforços pra me machucar? Mas a menina de coração mole e atitudes impuslvidas cresceu, amadureceu... endureceu. Hoje pra ela gostar de alguém esse alguém tem que gostar dela primeiro; pra ela se entregar pra alguém, caramba, é tão raro que não existe nenhum manual pra alguém conseguir isso; e pra ela acreditar realmente em alguém? Só depois de um bom, bom não, ótimo tempo. Agora ela é assim, infelizmente exigiram que ela fosse assim pra se proteger dos males que sempre a atacavam. Até parece magnetismo, eu sempre tropeçava nos mesmos erros, nos mesmos obstáculos... e o pior, eu sempre fracassava e saia machucada, dilacerada. Depois de tanto me doar e de tanto me doer, eu resolvi parar, dar um basta e começar a receber. Eu que sempre aconselhei as minhas amigas a prezarem pelo amor próprio estava jogando os meus próprios conselhos no lixo. Resolvi parar de falar e começar a me escutar, deu certo. Hoje eu não espero coisas boas, e nem ruins, de nada e nem de ninguém. Por mim, tanto faz, cansei de criar expectativas.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

É sábado a noite, as luzes da cidade estão acesas por todos os lados, não que a minha cidade seja badalada mas dentro de mim as vibrações são intensas e pede por intensidade. Tomei um banho frio pra -tentar- acalmar os ânimos, mergulhei com tudo e molhei os cabelos. Por causa do tempo corrido tive que me saciar com a água fria em poucos minutos e logo em seguida fui pro meu quarto colocar a roupa que mais me caísse bem. Como sempre, um tubinho preto foi o primeiro a me chamar atenção - não sei o que acontece, mas, roupas pretas me caem tão bem que são sempre as primeiras a me despertar interesse em usá-las - me vesti sem muita demora e caprichei na make, olhos sombra escura esfumaçada, batom vermelho e um salto preto fecharam o look da noite. 
Não faz muito meu estilo sair sozinha em pleno sábado a noite, logo, estava a espera de uma das minhas companheiras da noitada que ficou de vir me buscar. A ansiedade tomando conta de mim, entre uma foto e outra uma rápida olhadinha no relógio. Ela finalmente chegou e embarcamos na nossa aventura noturna, sem muitas expectativas, sem a menor vontade de encontrar alguém pra curtir a noite, na verdade eu já estava com a melhor companhia que eu poderia ter: eu mesma, e minhas amigas, é claro. 
Passamos pela avenida mais frequentada da cidade num sábado a noite pra escolher nosso destino, e escolhemos. Sentamos e prontamente pedi uma taça de vinho, em outras palavras, eu estava pedindo uma taça transbordando de desapego. 
Nos embalos da noite, entre cada gole de vinho e trago de cigarro, a noite vai acontecendo. Sinto olhares ao meu redor me observando fixamente. Obviamente este é o remédio mais eficaz para massagear meu ego. Cada olhar em minha direção sugere pra mim um "você está linda", não pude evitar o sorriso que invadia o meu rosto de tamanha satisfação. 
Eu já estava esvaziando a terceira taça de vinho e a noite só estava começando. [...] Foram quinze ou talvez vinte taças de vinho o suficiente pra satisfazerem a minha noite, mas o mais interessante ainda estava por vir, o desfecho... As minhas amigas estavam todas eufóricas, por incrível que pareça eu estava na minha, visivelmente eu não estava sóbria, mas estava contida. Um ou dois caras se aproximaram e tentaram alguma coisa, em vão. Naquela noite eu não queria saber de ninguém, a noite era minha, e dormir com o cheiro de alguém ou desejando um bis de alguém só serviria para futuras decepções... e isso é tudo o que eu não quero. 
O dia já estava nascendo e eu resolvi ir pra casa, minha língua já estava embolando e o efeito do vinho estava passando... o sonho chegou e os meus pés iriam ficar bem mais confortáveis fora daquele salto enorme. Cheguei em casa e em tempo record tirei a roupa, a maquiagem, o sapato e me joguei na cama... antes de pegar no sono me peguei sorrindo ao pensar "dever cumprido, qual o próximo passo?"... peguei no sono. Que venha o próximo sábado a noite!
Todo mundo espera alguma coisa de um sábado a noite, consequência? Todo mundo fica decepcionado domingo de manhã. Eu aprendi a não esperar nada de ninguém. Não que eu seja pessimista, sou extremista mas não sou masoquista. Eu simplesmente parei de pensar demais e esperar demais. Eu comecei a simplesmente querer e agir, sem pensar e calcular muito. Eu parei de me arrumar pr'os outros e comecei a me arrumar pra mim mesma. Parei de querer a atenção de todos a minha volta e comecei a me dar toda e total atenção. É mais saudável, sabe? É bem mais gratificante doar e receber amor na mesma medida, e nesse momento, o único amor que me dá total reciprocidade é o amor próprio. Então... Amei-me! Amei-me muito e não poupo esforços pra me fazer feliz, não mais.
Cansei de falar do amor, de saber o que é o amor e até mesmo de tentar entender o amor. Cansei dessa busca cansativa por alguém que preencha os vazios que os tropeços amoros passados causaram em mim. Cansei desse pensamento chulo de que ninguém é feliz sozinho. Que babaquisse. Se ninguém é feliz sozinho porque eu vivi infeliz acompanhada de tanta gente? Cansei de correr atrás de alguém que não dá um passo por mim. Cansei de sofrer por não ter ao meu lado aquele parceiro ideal. Cansei de colocar a minha felicidade nas mãos dos outros, cansei de achar que eu dependo de uma outra pessoa pra ser realmente feliz. Chegou a hora de ouvir a minha própria voz, de dar valor aos meus próprios conselhos; É a minha vez. É a minha hora. É o meu momento e eu não permito dividí-lo com mais ninguém. Chega de tentativas frustradas de fazer alguém feliz, é a hora de ME fazer feliz. É a hora de me olhar no espelho, amar e valorizar a única pessoa que nunca me abandonou e que nunca me decepcionou: eu mesma. E o amor? Ah, o amor... Deixe-o para os loucos que ainda não aprenderam a parte mais sublime de amar, amar a si mesmo.
       É mais que amor, é uma atração magnética capaz de desestabilizar todas as cargas positivas e negativas que me mantêm viva. É uma capacidade dele, que só ele tem de, mesmo distante conseguir neutralizar todas as minhas tentativas de fuga e ao mesmo conseguir mexer com todos os meus sentidos, roubando tudo o que resta da minha, tão restrita, sanidade. É que ele, caramba, ele... Ele é o cara errado que age de maneira tão certa. Tudo bem que ele nunca foi um exemplo de sinceridade e fidelidade, mas, toda vez que eu olho pra ele eu perco minha sobriedade, é como se eu novamente caísse num buraco onde é cada vez mais difícil se retirar. Eu até tento, e tento com todas as forças que ainda me restam. Tento seguir em frente, te deixar no passado, te esquecer e fazer com que você se torne uma página virada, mas não dá. É mais forte e mais resistente do que eu. Quando a gente se olha, é como se o mundo parasse e a gente se perdesse um no outro. Ao me perder em você e me perder pra você, eu perco o bom senso, perco a capacidade de discernir o que é saudável pra mim e acabo me atirando, novamente, pela mi-lé-si-ma vez nos teus braços. É como lutar contra um vício, sabe? Todas aquelas milhões de tentativas de um fumante pra tentar parar de fumar, é assim que eu me sinto quando tento lutar contra todo esse sentimento. Parece uma batalha que nunca se finda e que o vencedor é sempre você e essa vontade que eu tenho de você. É descontrolador. Se todas as meninas\mulheres procuram num cara alguém que a acalme e a acolha, eu encontro em você o que realmente me atrai... confusão. Eu gosto é desse descontrole intenso, dessa confusão excitante, desse mistério enlouquecedor e desse desencontro aproximador. Me sinto tão ligada a você porque você nunca me força a te querer, é de dentro pra fora essa necessidade de te ter. É mais que emocional, é carnal, não que eu só deseje o teu corpo, não é isso. É só que cada poro, cada partezinha de mim te busca e te necessita diariamente. É só que te amo, que te quero, que te preciso; Como sempre foi, como continuará sendo.
Nada pior do que um melhor-amigo-irmão-confidente.
Não, não me entenda mal. Não leve ao pé da letra esse "nada pior", porque é óbvio que é ótimo ter um melhor-amigo-irmão-confidente, do tipo que mata e morre por você e que está sempre disponível. O que eu quero dizer é... não existe nada pior do que quando alguém que você ver com tanto respeito, carinho e admiração se apaixona por você. Com tantos sentimentos que ele poderia escolher pra sentir por você, ele escolhe justamente o amor e é aí que tudo se desestabiliza, é a partir daí que você começa a meter os pés pelas mãos e inicia o ciclo de imprudências.
Eis que o cara que te conhece pelo avesso, que sabe de todos os seus gostos e desejos, que respeita os teus limites e compreende os teus defeitos tira da cartola uma versão dele que você não conhece, a versão onde ele te ama e te deseja como mulher, que ele quer mais que um abraço ou um sorriso... ele quer o teu beijo, o teu amor. E esse ainda não é nem o maior problema de todos, o problema maior é que ele resolve desabafar esses sentimentos guardados durante anos no momento em que você se sente mais carente e desamparada. Você se sente tão confusa que começa a passar na sua cabeça a possibilidade de haver uma reciprocidade. Você começa a acreditar que, talvez, o cara que até minutos atrás era o seu melhor-amigo-irmão-confidente pode ser o cara certo pra você, e que nele você pode encontrar tudo o que até hoje foi em vão procurar. É nesse momento que você comete a maior burrada da sua vida - você corresponde as expectativas dele e cede o beijo que ele tanto desejou silenciosamente.
No início tudo são rosas, vermelhas por sinal. Você, aliviada, acredita que finalmente encontrou o cara certo e se joga, de cabeça, numa pseudo-relação. Mas o tempo passa... Tempo cruel; Porque insistes em sempre destruir o encanto das minhas relações frustradas-amorosas?
Os dias passam, e a poeira que embaçava os meus olhos começa a se esvair lentamente... e eu vou me dando conta do mal passo que dei. É nesse momento que eu começo a me afastar lentamente dessa história que eu mesma protagonizo. É nesse momento que, silenciosamente, você percebe o meu afastamento e da forma mais brutesca resolve se indignar. Começam as crises de ciúme, de desentendimento e afastamento. O real problema começa a partir daí porque aquele cara perfeito que a dias atrás era o seu sonho realizado começa a se transformar num desconhecido pra você.
Os dias passam e você se sente sufocada dentro dessa situação toda, você tenta sair e resolver o problema mas não consegue de nenhuma maneira.
Você começa a olhar pro seu "ex" melhor-amigo-irmão-confidente com um olhar distante, desconhecido... com tantas brigas e desentendimentos você começa a não conseguir mais ser você mesma com ele, você trava. Não existe mais aquela naturalidade entre vocês dois. Aquela conversa sem nenhuma palavra onde ambas as partes entendiam tudo o que um simples olhar queria dizer ficou confusa. As brigas que antes não existiam se tornaram constantes e ficou mais fácil dizer quando não estamos brigando, porque é raro.
Infelizmente a minha maneira de fugir do que me sufoca é a maneira que mais te desagrada. Minhas fugas te afetam e te atacam. Você se irrita e eu não sei lidar com a sua versão irritada e acabo me irritando também.
No final das contas estamos nós dois, afastados, entristecidos e distantes... Uma dor enorme de perda invade a minha mente confusa. Eu tô sentindo falta. Sentindo falta da nossa amizade tão plena. Sentindo falta de quando eu poderia correr, instantaneamente, pra você pra contar qualquer pequena novidade que acontecesse na minha vida. Sentindo falta da naturalidade que eu tinha pra te contar dos meus amores e dos meus desamores. Sentindo falta da sua imparcialidade ao me aconselhar em algo. Enfim, sentindo falta. Mas chega! Chega de sentir falta calada e distante. Tudo o que eu mais quero agora é recuperar a nossa amizade que até pode ter esfriado, mas que com certeza, é forte o suficiente pra se reestruturar sem deixar nenhuma falha. Afinal, uma vez melhores-amigos-irmãos-confidentes, pra sempre melhores-amigos-irmãos-confidentes!